Desvendando a Técnica do Burnishing: O Segredo para Lápis de Cor Vibrantes e Transições Suaves
- Ingrid Fornazari
- há 14 horas
- 5 min de leitura
Introdução
Você já se perguntou como alguns desenhos com lápis de cor conseguem um acabamento tão liso, quase sem a textura do papel, com cores incrivelmente vibrantes e misturas perfeitas?
A resposta, para muitos artistas, reside em uma técnica poderosa e transformadora: o burnishing. Se você busca levar seus trabalhos com lápis de cor para um novo nível de realismo e brilho, dominando a arte de fazer suas cores ganharem vida, este artigo é para você!
Vamos explorar em profundidade o que é o burnishing, como aplicá-lo para resultados impressionantes e por que ele se tornará uma ferramenta indispensável no seu arsenal de técnicas de desenho. Prepare-se para transformar a maneira como você interage com suas cores!
1. O Que é Burnishing?
O burnishing é uma técnica de aplicação de pressão firme com um lápis (geralmente um lápis de cor claro, branco, ou um lápis blender incolor) sobre camadas pré-existentes de lápis de cor. O objetivo é compactar os pigmentos no papel, preenchendo as pequenas "dentes" da textura do papel, resultando em uma superfície lisa, polida e com cores mais saturadas. É como se você estivesse "polindo" o desenho para revelar seu brilho máximo.
Se você está se perguntando de onde surgiu esse termo e como se pronuncia? Burnishing (Lê-se: bur-ni-ching o g no final some no meio de uma frase, e a sílaba tônica é o bur)
O termo burnishing tem várias traduções mas eu acho que a que mais se adapta a explicação dessa técnica é polimento. Em alguns lugares você vai achar traduzido como burnidura, e como não há um consenso em português para esse termo eu prefiro deixar o termo em inglês mesmo que dá menos confusão.
Dicas Práticas:
Pressão é a Chave: Aplique pressão constante e firme. A ideia é "esfregar" o pigmento nas fibras do papel.
Camadas Prévias: O burnishing funciona melhor sobre várias camadas leves de lápis de cor. Não tente burnishing sobre uma única camada fraca.
Movimentos Circulares ou Hachurados: Use pequenos movimentos circulares para um acabamento mais homogêneo ou siga a direção do seu traço para manter a textura original (mas com suavidade).
Lápis Ideal: Embora o branco seja comum, um lápis blender incolor (projetado especificamente para isso) pode ser ainda melhor, pois não adiciona pigmento branco, preservando a cor original.
Exemplo: Imagine desenhar uma fruta brilhante, como uma cereja. Você aplica as camadas de vermelho, rosa e talvez um pouco de roxo e azul para as sombras. Ao fazer o burnishing essa área, a superfície da cereja ganharia um aspecto quase lustroso, sem a granulação do papel, imitando perfeitamente o brilho natural da casca.
2. Materiais Essenciais para o Burnishing
A escolha dos materiais influencia diretamente o resultado do burnishing. Saber qual lápis, papel e ferramentas auxiliares usar pode fazer toda a diferença.
Lápis de Cor:
Base de Cera: Lápis à base de cera (como Prismacolor) são excelentes para burnishing devido à sua maciez e capacidade de se misturar.
Base de Óleo: Lápis à base de óleo (como Polychromos) também podem ser usados no burnishing, mas podem exigir mais camadas de pigmento antes de aplicar a técnica e um pouco mais de pressão.
Papel:
Com Alguma "Textura": Papéis com uma textura leve ("dente" ou "grão") são ideais, pois as ranhuras do papel seguram o pigmento, permitindo múltiplas camadas antes do burnishing.
Evite Papéis Muito Lisos: Papéis lisos podem não permitir camadas suficientes, tornando o burnishing menos eficaz. Exceção aqui é o papel Bristol smoth (Bristol liso) que embora esteja na categoria de papéis lisos ele tem textura suficiente para segurar o lápis de cor, mas uma vez executado o burnishing nesse papel não será possível adicionar mais cores.
Evite papéis muto rugosos: papéis com muita textura como os papéis Torchon para aquarela, ou alguns tipos de papéis para tinta acrílica e tinta a óleo são muito texturados e não vão dar um acabamento liso não importa a quantidade de camadas. Isso acontece pela própria textura do papel e não dá para contornar.
Ferramentas de Burnishing:
Lápis Branco/Cores Claras: Ótimos para clarear e misturar ao mesmo tempo que burnish.
Lápis Blender Incolor: A melhor opção para misturar sem alterar as cores.
Qualquer Lápis Colorido (com moderação): Em alguns casos, você pode usar uma cor existente no desenho para burnishing, se ela for a cor final dominante da área.
Exemplo: Ao desenhar uma joia, como um anel de ouro, o uso de um lápis blender incolor em papel de boa gramatura sobre camadas de amarelo, ocre e marrom permitiria que o brilho metálico e a suavidade da superfície fossem reproduzidos com incrível fidelidade, sem a textura granulada que muitas vezes denuncia o uso do lápis de cor.
3. Quando e Por Que Usar o Burnishing? Vantagens e Desvantagens
O burnishing não é uma técnica para todas as situações. Entender seus prós e contras é essencial para aplicá-lo estrategicamente e obter os melhores resultados em seu desenho realista.
Vantagens do Burnishing:
Cores Vibrantes e Saturadas: Intensifica as cores, fazendo-as parecer mais ricas e vivas.
Acabamento Suave e Homogêneo: Elimina a textura do papel e os "grãos" do pigmento, criando superfícies lisas.
Misturas Perfeitas: Ajuda a fundir as cores de forma impecável, eliminando linhas e transições bruscas.
Durabilidade: O pigmento compactado é menos propenso a borrar ou soltar.
Brilho Aumentado: Confere um aspecto brilhante quando desenhamos superfícies lisas ou reflexivas.
Desvantagens:
Dificuldade de Apagar: Uma vez aplicado o burnishing, a área se torna muito difícil de apagar ou alterar.
Cuidado com o "Waxy Bloom": Lápis à base de cera podem desenvolver uma mancha esbranquiçada ("waxy bloom") em áreas muito burnishing. Basta passar um pano macio para remover. Uma maneira de prevenir o “Wax Bloom” é usar um verniz ou fixador depois de terminar o trabalho.
Limita Novas Camadas: Após o burnishing, o papel fica "selado", dificultando e em alguns casos impedindo a adição de novas camadas de pigmento. Planeje suas camadas antes de burnishing.
Após analisar as vantagens e desvantagens, fica mais fácil entender quando usar ou não essa técnica. O burnishing é a técnica ideal para finalizar misturas de cores, por exemplo você misturou azul e amarelo para obter verde e precisa de algo extra para realçar a cor obtida, essa técnica vai ajudar.
Quando você quer deixar o colorido do lápis de cor com aspecto de pintura, essa técnica também ajuda muito. Para obter aspecto de superfície brilhante ou espelhada, o burnishing vai ser de grande ajuda para capturar o brilho e o aspecto liso.
Um outro uso para o burnishing seria para dar o brilho do olho tanto de humanos quanto de animal.
Por outro lado, para texturas ásperas como casca de árvore ou lã, o burnishing não será a melhor escolha, pois eliminaria a profundidade das texturas desejadas.
Conclusão
O burnishing é uma ferramenta poderosa no arsenal de qualquer artista que trabalha com lápis de cor. Ao dominar essa técnica, você não só conseguirá cores mais vibrantes e acabamentos mais suaves, mas também desenvolverá uma compreensão mais profunda da interação entre o pigmento e o papel. É uma técnica que, quando aplicada com cuidado, pode transformar seus desenhos de bons para extraordinários, adicionando aquele toque final de profissionalismo e realismo.
Resumindo, você aplica o burnishing quando quer superfícies lisas, brilhantes e ou reflexivas. Se você tem texturas ásperas como lã ou casca de árvore o burnishing não é a melhor solução.
Você já experimentou o burnishing em seus desenhos? Qual foi sua experiência ou qual aspecto você está mais ansioso para testar? Compartilhe suas ideias e dúvidas nos comentários abaixo!
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