Um pequeno guia de materiais para desenho realista a grafite

Ingrid Fornazari
20 de jul. de 2023
8 min de leitura

Atualizado: há 6 dias

Série materiais para desenho

vários lápis grafite enfileirados sobre a mesa

Neste artigo

Papéis

Lápis

Borrachas

Materiais auxiliares

Apontador

Conclusão

Uma dúvida muito comum de desenhistas iniciantes, é que material comprar para determinada técnica? Muitas vezes, por não conhecerem os materiais de desenho, acabam gastando dinheiro com materiais que não são adequados para o tipo de desenho que pretendem fazer.

Por isso hoje resolvi fazer esse pequeno guia dos materiais que uso para desenho realista a grafite. Vamos falar sobre cada um deles, e também sobre alguns cuidados que você deve ter com os materiais.

Papéis

Folha de desenho: pode ser Canson linha técnica 180 ou Canson XL Bristol suave a linha técnica tem uma textura maior na folha, e o Canson Bristol é um papel bem liso.

Na prática o que difere é o gosto pessoal de trabalhar com um papel ou com outro, e talvez o custo. Geralmente o Bristol é um pouco mais caro.

Quando eu comecei a desenhar, usava a linha escolar, mas nessa época eu pegava o papel que estava mais a mão, não pensava muito no assunto.

Depois conforme fui estudando mais, e aprendendo sobre papéis, gramatura e a durabilidade das folhas de desenho, fui experimentando outros papéis e hoje prefiro sem dúvidas a linha técnica para grafite ou o papel para aquarela prensado a quente de gramatura 300.

Para armazenar suas folhas de desenho procure deixar na horizontal, num lugar onde não pegue umidade ou sol direto, sem colocar coisas em cima que possam marcar a folha de desenho. Alguns gostam de armazenar na vertical, mas dependendo de como colocar o bloco, as folhas podem ficar curvadas, por isso prefiro guardar na horizontal.

Folha para esboço: para fazer o esboço do desenho uso folha sulfite comum, pra falar a verdade compro a mais barata que eu achar, porque assim não fico com peso na consciência. Algumas vezes o esboço não sai bom de primeira, e você tem que refazer, e apagar e até estragar uma folha ou outra. Então essa folha não é para ser nada de especial.

Folhas de papel branco arrumadas em uma pilha

Lápis

Lápis grafite graduado: se você me acompanha há algum tempo, ou se leu minha pagina de materiais, já sabe que eu costumo usar os lápis 6B, 2B, F e 2H com base para todos os meus desenhos a grafite.

Às vezes, eu uso uma ou outra graduação diferente dessas, ou lapiseiras, só porque tenho por aqui (ganhei de presente), mas só esses acima são suficientes. Gosto dos da Faber Castell, aqueles verdinhos da linha 9000, porque são baratos, fácil de achar, e são "archival"(ou seja, não vão desbotar com o tempo).

Já comprei lápis de outras marcas famosas, mas eles tinham uma "areinha" no meio do grafite. Sabe, quando você aponta o lápis e na hora de passar ele na folha ele arranha a folha, como se tivesse algo mais duro no meio do grafite? Então, eu chamo isso de areinha. Aí, eu perdia um tempo enorme lixando as pontas dos lápis para me livrar dessas areinhas enfim, com os da Faber eu nunca tive esse problema.

Para armazenar o ideal é porta lápis ou estojos comuns. Evite derrubar seus lápis pois pode quebrar a mina, e a ponta vai quebrar toda vez que você tentar apontar.

Borrachas

Existem vários tipos de borracha para desenho, porém se estiver começando e for comprar recomendo a borracha artística maleável (Faber Castell) e borracha Mercur 60.

Essas eu acho essenciais para desenhar, as outras, ajudam, não vou mentir, mas não fazem tanta diferença no resultado final, é mais por praticidade.

Para saber mais sobre a borracha artística maleável, como usar e os cuidados com armazenamento acesse:

Como usar a borracha artística maleável

Outras borrachas que uso são a Tombow mono zero (2,3mm) e a borracha elétrica - essa nem tem marca, comprei na Daiso, super baratinha e me serve bem, não é tão ergométrica com as borrachas elétricas para desenho, mas cumpre a função.

E com exceção da borracha elétrica, acho que no quesito borracha a marca faz diferença. Já testei borrachas de outras marcas e eram muito duras, ou borravam demais, não apagavam direito e outras ainda estragavam o papel se você se descuidasse um pouco.

Ainda no campo borracha também tenho a Mars Plastic da Staedtler, e apesar de ser recomendada para desenho, eu não uso muito essa borracha, porque você tem que ficar limpando a borracha toda a vez, depois de usar, e eu simplesmente esqueço, aí acabava borrando o desenho, por isso uso a Mercur 60, não precisa limpar.

Para armazenar as borrachas prefira um lugar limpo, como um estojo ou uma caixinha, longe de fontes de calor que podem danificar sua borracha.

Materiais auxiliares

Nesse tópico eu incluo, os materiais que uso para esfumar, verniz para acabamento, folha de apoio, estilete, boleador entre outros. Mas vamos ver um por um:

Régua: uso a régua para fazer margens e traçar a grade quando uso o método do grid, ou em algum outro detalhe que exija uma reta perfeita, caso contrário faço a mão livre mesmo.

Eu gosto muito das réguas da Acrilmet, porque elas são mais robustas (quero dizer que são firmes, não dá para dobrar). Mas régua é régua, então a marca não é relevante aqui.

O importante das réguas é ter cuidado, não ficar batendo a borda da régua na mesa, isso cria dentes e quando você vai traçar sua reta fica com imperfeições, e também limpar sua régua, regularmente, pois o grafite acaba sujando a borda da régua e pode acabar borrando sua folha. Às vezes, só passar um papel, resolve outras vezes, tem que lavar com água e sabão para tirar todo o grafite acumulado.

Esfuminhos: eu acho interessante ter um fino, um médio e um grande, porque ajuda muito dependendo do tamanho da área que vai esfumar no desenho.

Eles não são a coisa mais barata de se comprar e se for para começar, sugiro que compre um médio, e se gostar e se acostumar a usar, e gostar compre outros.

O cuidado com o esfuminho é essencial. Como ele é feito de papel enrolado, nem preciso falar que não deve molhar, nem deixar perto de substâncias oleosas, porque ele vai absorver. Manter em um lugar limpo e seco, como um porta lápis ou estojo é uma boa opção.

Se ele ficar muito sujo de grafite você pode limpar esfregando numa folha de papel, ou esfregar numa lixa, nesse último caso, tomar cuidado para não desgastar a ponta.

Além do grafite, eu uso o esfuminho para carvão e lápis de cor também, e uso o mesmo esfuminho para todas as técnicas, o que eu faço é limpar meu esfuminho com uma lixa antes de mudar para outra técnica.

O esfuminho espalha o grafite no papel, preenchendo a textura, mesclando os tons, porém se você usar demais numa área, ou fizer muita pressão com o esfuminho, vai ficar difícil de apagar ou de colocar muito mais camadas por cima, porque acaba achatando a textura do papel.

É um material que dura bastante se você tiver cuidado.

Para saber mais sobre esfuminho veja o artigo abaixo:

Como usar um esfuminho

Lenço de papel ou papel higiênico e cotonete - também uso lenço de papel, ou papel higiênico e cotonete para esfumar dependendo do efeito que quero. Se quero uniformizar e retirar um pouco do grafite uso o papel, o importante é usar um papel bem macio, e trocar toda vez estiver muito sujo, ou o papel começar a desgastar.

Para espalhar e intensificar uma área uso o cotonete. Quanto ao cotonete, não tenho grandes recomendações, qualquer um que o algodão não desfie serve.

Geralmente uso um lado para áreas mais escuras e o outro para áreas claras, e giro o cotonete quando preciso de uma parte limpa. Também é possível usar o cotonete que já está sujo de grafite, para adicionar um pouco de coloração em áreas pequenas.

Pincel - novamente não é necessário uma marca específica de pincel, pode ser até pincel para maquiagem. Também pode ser de cerdas sintéticas, eu particularmente prefiro os de cerdas sintéticas, pelo preço e pela durabilidade. Lembre-se de lavar regularmente seu pincel com detergente neutro e água, e deixar secar com as cerdas voltadas para baixo. Eu geralmente prendo o meu pincel com um prendedor de roupa ou um prendedor de papel e penduro para secar.

Estilete - uso para fazer detalhes no desenho e para apontar os lápis quando preciso de pontas longas para usar em planos de fundo por exemplo.

Os cuidados principais para maior durabilidade do seu estilete são: recolher a lâmina ou colocar a capa de proteção quando não estiver usando. Manter a lâmina limpa, isso preserva o corte por mais tempo.

Boleador - para marcar áreas que quero que fiquem em branco no desenho, como pelos, pequenos detalhes, pontos de luz. Eu tenho um jogo de boleadores para unhas que comprei baratinho numa lojinha de variedades.

Novamente aqui marca não é importante e os boleadores para desenho ou artesanato custam muito caro, não acho que vale a pena gastar demais nesse item. Os boleadores de unha tem o mesmo efeito e custam cerca de um terço do preço de um para artesanato.

Verniz para acabamento - Para evitar de borrar o desenho depois de pronto passo algumas camadas de verniz spray fosco. Costumo usar o da Acrilex ou da Corfix.

Vernizes são tóxicos e grudam em tudo então quando for passar o verniz certifique-se de que o ambiente esteja ventilado, não use no mesmo ambiente onde tem animais de estimação, principalmente de pássaros.

Eu tenho uma caixa grande de papelão onde coloco meu desenho e aplico o verniz. Assim o verniz não espalha para todos os lados. Também uso máscara quando vou aplicar verniz pois não é saudável inalar as partículas do verniz.

E por último, mas não menos importante!

O Apontador

Gosto de usar o apontador de mesa, aquele com manivela, mas também tenho os apontadores comuns, porque quando o lápis fica muito pequeno não dá para apontar no apontador de manivela.

Os apontadores de mesa proporcionam uma ponta mais longa e fina que os apontadores comuns, o que ajuda muito. Mas não é um item essencial.

Uso os apontadores de mesa para escritório, por conta do valor, custam em média metade do valor de um apontador de mesa para desenho. E sabe qual é a diferença?

Nenhuma. Os dois apontam do mesmo jeito.

Alguns modelos para desenho oferecem lâminas sobressalente, que custam quase o valor de outro apontador, então não achei muita vantagem.

Meu primeiro apontador de mesa durou 5 anos e ano passado troquei porque não estava apontando direito.

Quanto aos apontadores comuns a durabilidade deles é menor que do apontador de mesa, e quando começa a quebrar muitas pontas ao apontar é hora de trocar.

Os mesmo cuidados que se tem com os materiais de desenho devemos ter com o apontador, ou seja, guardar em um lugar limpo e seco, a umidade pode enferrujar a lâmina. Manter a lâmina limpa, tirando restos de madeira ou mina do lápis que por ventura ficaram grudados na lâmina.

Quando preciso limpar o apontador costumo usar álcool. Evitar usar materiais que possam danificar o corte da lâmina como arames, régua, ou outro material duro. Use um pincel, paninho ou espuma macia para limpar o apontador.